Ponto de ônibus, alguns minutos de atraso somados a alguns pensamentos que sussurram nos meus ouvidos resultam sempre em lágrimas contidas. Odeio chorar assim, para dentro. Odeio ter que esconder cada medo atrás de um sorriso mal-feito e que todos adoram fingir que são enganados. Odeio ter que me rebaixar para ele aparecer. Se antes eu tinha meus olhos secos, hoje preciso engolir meu choro. Mas não, não vou dar o prazer de mostrar para as pessoas a minha queda, nem o barulho do meu corpo chocando-se ao chão. Esse tipo de barulho pode ser abafado, sim. Meus medos, já foram obscuros e infantis, já foram superados e voltaram pior, já foram motivo para piada, mas hoje é a forma mais cortante de humor negro que graça nenhuma tem. Será covardia admitir um medo? Será covardia correr dele só para se salvar? Mas e se o medo morar em mim? Não há abrigos para doentes infectados nesse mundo de pragas. Não há esconderijo no campo aberto da minha alma. Mas do mesmo jeito que eu não posso correr dele, eu posso fingir que ele nunca esteve aqui, é só saber disfarçar. E não deixar que olhem nos meus olhos, lá está todo o medo escrito, em tese e em prática. Marcadores: defeitos, insegurança, todos Post por: Marina Sereno - 14:02 |
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